ligeiramente grávida. É verdade. Eu embarquei há nove semanas em uma viagem que faz os balões da Turquia de Gloria Perez parecerem aqueles carrinhos indefesos do Parque Shanghai. A maior das travessias. Começou com um inocente teste de farmácia. Quando você vê aqueles dois risquinhos vermelhos no papel, a sensação é do papa-léguas diante do abismo: "Bip-Bip-Bip, vou fugir daqui, estou esperando um bebê".
Mas a natureza é uma velha sábia que sabe tricotar com os fios do tempo. Vai fiando a vida da gente e nos dando forças para acolher o maior dos mistérios: guardo uma vida dentro de mim. Em um momento, a condição de mera humana some. Sou uma ursa hibernando, esperando a primavera cheia de filhotes? Sou uma divindade, geradora de vida, fértil como a terra? Os dois. Com a ajuda dos instintos e da sensação de bênção, dia a dia, a gente se torna mãe.
Nessas últimas nove semanas, o mundo passou a viver dentro da minha barriga. Viagem a Paris? Deixa pro ano que vem. Curso de pós-graduação? Agora, não. Todo o mundo perde a importância quando está carimbado seu passaporte para a Barrigolândia. Quem já esteve lá, ajuda muito. Quando você engravida, passa a fazer parte da sociedade secreta das mães. Suas amigas a cumprimentam com olhos brilhando e compartilham informações "confidenciais": limão para enjoo, muita água, nada de canela, cuidado com o café! Jesus, acende a luz! Já acendeu! É assim que me sinto, iluminada. Sim, nas horas de desespero, penso que a Mãe Natureza tomou um Rivotril ou está armando uma pegadinha. Mas logo vejo essas lindas mulheres do meu lado, que trabalham, cuidam de seus filhos, são bonitas, otimistas, vigorosas. Elas fazem a roldana do mundo girar. Peço a bênção a todas as mães e me sinto honrada de ter sido admitida junto a vocês. Vamos juntas nessa viagem. Beijos de amor.
RESPOSTA AO "MAMÃE, ACHO QUE ESTOU..."
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